Quem nunca altera a sua opinião é como a água parada e começa a criar répteis no espírito. William Blake

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sozinha na penumbra.

Tantas indecisões e novidades não me dão espaço para respirar. Preciso do ar a que estava habituada, das paisagens pelas quais me apaixonei, de todas as pequenas coisas que me modelaram nesta realidade feroz. O ar continua a faltar; o peito arde e irradia as ténues esperanças que vão surgindo, enfeitando-as com falsos sonhos. Tudo é uma ilusão. Estico a mão e tudo escapa por entre os meus dedos. Duvido de tudo, fazem-me duvidar de tudo. Porra de vida.


Texto do fotolog.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Todos os dias morro um pouco

O tempo passa e eu cresço, aproximando-me das grandes responsabilidades da existência. Tudo fugiu por entre os meus dedos... tão rápido que, distraída pelas aventuras e desventuras da vida, deixei passar os momentos sem lhes dar o devido valor. Dói tanto, o meu coração parece querer sair do meu peito, ansiando que eu o arranque feroz e cruelmente - custa tanto. Custa tanto olhar para trás e admitir que cresci, admitir que tenho que me afastar dos que amo para lutar por mim.

O meu coração esperneia e geme de angústia - a dor é demasiado intensa.E eu amo-vos tanto. Com tanta força e perseverança que perderia a alma ao perder-vos. Vós sois parte de mim, daquilo que de melhor tenho e construo... sois tudo e dói imaginar-me sem a vossa presença constante.

Uma lágrima escapa e molha o teclado. As simples palavras que escrevo são incapazes de descrever a dor que me aperta interiormente e me faz desejar não partir. Mas tem que ser... tem mesmo que ser - convenço-me a mim própria.

Eu nem queria falar em despedidas, mas que outro nome posso dar ao que vou fazer amanhã? No fundo, trata-se de um gesto simbólico do novo rumo, do afastamento necessário! Maldita a hora em que me despedir de vós.Penso e remordo as entranhas do nosso passado. Quero agarrar-me a ele... só que ele já está demasiado longe. Porra! Poder ser tudo em toda a parte como queria Pessoa! Poder sonhar alto sem ter que vos deixar vezes sem conta, sabendo que não voltarei definitivamente, nunca mais.

Sabeis o que anseio, as metas que procuro... elas não se realizarão aqui.Escrevo e procuro cuidadosamente explicar-vos o que sinto, mas não sou capaz. Estou feliz, mas sem vós a felicidade não é plena. Sem os meus amigos, a felicidade nunca será plena. Então passaremos horas ao telemóvel para enganar a distância, porque a nossa amizade está acima de tudo. É ela que mantém o meu sonho. É a vossa força que me mantém viva. Ontem, hoje e amanhã - amar-vos-ei sempre, pura e simplesmente.


Texto do fotolog.


Sara

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ela chorou de alegria

Ela chorou quando fitou o meu rosto espelhado de alegria. Pela primeira vez, não chorou pelo sofrimento que a sufoca, mas sim pela sua felicidade face à minha felicidade. Aquele momento foi perfeito, como se a criança que passou tanto tempo com ela ainda ardesse no meu peito. Apertei-lhe a mão com força.
Nunca esperou chegar tão longe, ver-me dar um passo tão importante. Confesso que a alegria era imensa, só que esperava que o corpo lhe desse as forças de outros tempos. Uma lágrima caiu pelo meu rosto, uma vez que fui incapaz de a conter. Apertei a sua mão ainda com mais força.
A união do seu olhar com o meu despoletou em mim uma avalanche de emoções. Não me abandones nunca, por muito que a vida siga o seu rumo, permanece sempre em mim e nas minhas memórias, por favor. Obrigada por tudo.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Vamos falar de política!

Quando hoje defendi que Manuela Ferreira Leite tinha ganho o debate contra Francisco Louçã, toda a gente olhou para mim como se eu tivesse dito o maior disparate do mundo, mas a verdade é que acabaram por concordar comigo. Todos temos direito à nossa opinião e a troca delas apenas nos enriquece a nós e aos outros. Assim sendo, aqui fica o desfecho do debate do meu ponto de vista:
· Para Manuela Ferreira, chegava-lhe não dar oportunidade ao candidato do BE de pegar nas suas falhas e expô-las a todo o país e, apesar de diversas hesitações e reconstrução de discurso, a verdade é que conseguiu.
· Procurou mostrar-se de acordo com uma das forças políticas em crescimento, tentando mostrar que não era tão conservadora como José Sócrates a pintava e, tirando a parte em que enfeitou a sua opinião em relação ao casamento homossexual, a verdade é que o objectivo foi comprido.
· Afastou-se da crítica directa a Sócrates e acatou sem grande discussão certas culpas do governo do PSD.
· Defendeu a igualdade, quase utópica, entre ricos e pobres, atraindo o voto dos eternos descontentes, aliciando o eterno sonho dos pobres – golpe baixo, mas eficaz.
· Em termos de saúde, conseguiu “enervar” o adversário, atraindo as atenções para ele, dando apenas espaço para ela soltar um e outro desejo de igualdade – golpe baixo, mas eficaz.
· Não se alargou em discussões sobre os seus planos, captando os problemas do governo PS para a ribalta, constantemente.
· Muitas vezes criticada pela sua frieza, exibiu uma postura relativamente simpática e tentou puxar pela emoção nos ouvintes.
· Respeitou Louçã e deu-lhe oportunidades que ele não estava preparado para receber, fazendo com que ele começasse a dizer que ela só queria estar de acordo com ele, desviando-se das questões essenciais.
· Convenhamos que, como força maior da oposição, o PSD apenas está interessado no debate com Sócrates. Caso não se alargue em discussões sobre o seu programa, a verdade é que este será sempre um “mistério”, afastando-se das espingardadas dos partidos mais pequenos, que poderiam dar margem de manobra ao primeiro-ministro. Assim, Manuela Ferreira Leite vai poder atacar Sócrates mais intensamente, desviando pura e simplesmente as suas críticas.
Na minha opinião, teremos uma Manuela Ferreira Leite estratega, com uma personalidade que agrada e que defenda os temas que todos querem ouvir. Mas ninguém agrada a todos e esse vai ser o seu maior erro. Apesar do desenho que fiz das suas possíveis acções futuras, não acredito que ela tenha destreza suficiente para as levar para a frente.
Ela mostra confiança demais na vitória, devido às Europeias, só que as pessoas votaram em Rangel, não nela. Não me parece, no meu singelo ponto de vista, que ela seja aquilo que os portugueses querem ver… mas Sócrates também não. Sinceramente, dou graças por ainda não ter idade para votar – não me conseguiria decidir, são os dois maus demais e já sabemos que os outros nunca conseguirão ganhar, uma vez que preferem criticar a apresentar ideias. É a política que temos.

O electrocutado e sugestão da semana... todas as segundas e terças

Hoje recomeçam as minhas aventuras como cronista do TVuniverso.


Obrigada pelo convite :D

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Memórias de amanhã

Olho para a menina dos olhos verdes e sorriso fácil. Pergunto-me se é verdadeiramente feliz; questiono-me se tudo não passa de uma ilusão, de uma concepção da sua imaginação fértil. Permanece a dúvida enquanto a observo – sinto que a conheço de algum lado, de uma outra existência. Faço-lhe sinal mas ela nem me vê – está feliz no seu pequeno universo e o apenas isso lhe interessa.
Quer ser grande, disseram-me; parece até que quer ensinar os mais novos, viajar pelos países que só vê no mapa, conhecer os heróis com que contacta nos livros que lhe dão pelos anos. Na sua ingenuidade existencial, interroga os ‘grandes’ porque cresceram tanto e ela não. Desconhece o que é o tempo ou a vida – para ela só existe o agora e o resto é magia, é um mistério insignificante.
Cruel inocência. Só ela para enganar uma criança tão crente no que ouve e no que sonha – ainda acredita no Pai Natal, nas Navegantes da Lua e no mundo das barbies. Distingue o mundo mágico do real, pensando mudar-se para lá em breve. Ainda não sabe mas falta pouco para ir para a escola: conviver aprendendo, viver aprendendo, olhar aprendendo – vai aprender, vai crescer (mas ela ainda não sabe).
Invejo-a ao mesmo tempo que a observo com pena. Poder viver na simplicidade infantil, ignorando o porq
uê e a razão das coisas. Contudo, os adultos são maus – enfeitam a realidade, perfumam o fedor social, escondem por baixo do jornal o sujo que não desaparece – no entanto, a criança pensa que são bons, que o mundo é bom, que tudo é bom e perfeito. Pobre alma.
A doce mentira esconde a dura verdade. A criança vai crescer, pouco a pouco; vai descobrir que o Pai Natal não existe, que os desenhos animados e os mundos mágicos são irreais e que há uma palavra muito feia chamada ‘ficção’ – a coitada vai perceber que os heróis com que sonhou toda a vida não existem – a desilusão vai aparecer, ‘bem vinda ao caminho para a vida adulta’.
Deixem-na dizer as maiores mentiras desde que não magoem ninguém. Deixem-na pensar que a magia existe, que as pessoas são boas e que vai conhecer os Power Rangers. Dêem-lhe espaço para correr, gritar, espernear, espatifar, rasgar, sujar, rir e ser feliz à sua maneira. Não lhe tirem estas pequenas coisas que para ela são tudo. Um dia terá de crescer, eu sei – mas até lá, deixem-na ser criança!
Perdoa-me menina dos olhos verdes. Perdoa-me por ser o que os outros querem e não o que tu desenhaste nas folhas em branco ou rabiscaste num caderno dizendo que escrevias. Perdoa-me por me ter deixado levar pela vontade de ser ‘grande’ – quis adaptar-me ao meio, iludida pelo Lamarckismo como tantos outros; pensava que os braços me cresciam se quisesse chegar ao telhado para tirar um bola presa ou que as pernas esticavam porque eu sentia necessidade de ser mais alta que os ‘grandes’ (pena não ter conhecido primeiro Darwin). O que importa não é adaptarmo-nos às necessidades do meio mas sim vencer com as nossas verdadeiras capacidades.
Dizem que a vida dá segundas oportunidades, que todos temos direito a errar – mais mentiras. A vida é feita de escolhas e, se não as fizermos correctamente, há tudo menos um ‘tenta de novo’. Hoje tive a prova disso. Aquela menina era parte de mim – no tempo em que a lua era minha e as estrelas brilhavam para me alegrar na noite escura. Aquela menina era a fé que eu tinha nos outros, era a pureza que eu buscava e via em todo o lado. Aquela menina era eu (noutra vida) – o eu que quis recuperar mas que perdi de vista enquanto divagava. Perdi, há que me voltar a sujeitar à realidade.
Todos me chamam mas eu permaneço, impávida e serena, ignorando que é o meu nome que se propaga naquele espaço. Julgo que sou invisível; coloco os meus óculos mágicos e o mundo deixa de existir (os outros deixam de existir – ou, pelo menos, não me vêem). E, naquele breve instante – imperceptível à escala humana – o meu mundo sou eu e eu sou a dona do mundo. É bom voltar a ser criança.

2 de Janeiro de 2009


By: Sara Q.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

What if

Jaz prostada no chão, imóvel e mergulhada no seu próprio sangue. O seu rosto resume-se a escombros do que outrora foi belo. Fez a sua escolha e agora ninguém a poderá trazer de volta. Qual a finalidade de tudo isto? Porquê?


Mergulhamos em perguntas idiotas que não nos levam a conclusão alguma. Por um lado sentimo-nos culpados - será que fomos demasiado cegos para reparar no que se passava à nossa volta? Por outro lado odiamos a pessoa que continuava inerte à nossa frente, não pelo que foi para nós, mas sim pelo escolha que fez para o seu final, por aquilo em que decidiu tranformar-se. Enganou-se, a morte nunca está em nosso poder e, mesmo naquele caso, ela não teve a capacidade de reparar que, embora tenha optado por um modo, um sítio e um local, não conseguiu controlar a dor que despoletou dentro de todos aqueles que a amavam após a sua fuga cobarde ao percurso da existência.


Ele não estava sozinha, nunca esteve.



Quantos não tiveram este final?
Quantos o escolherão de maneira irracional e inconsciente?



O suícido não foi, não é, nem nunca será solução.




By: Sara Q.


(também no fotolog)